O que Pourchaire precisa para ser campeão?

Em 2022, Felipe Drugovich dominou a temporada da Fórmula 2 e o único piloto que incomodou o brasileiro na briga pelo título foi Théo Pourchaire. Na primeira parte da temporada, os dois protagonizaram belas disputas. Como se esquecer da feature race em Mônaco, onde Drugovich brilhou, mas sentiu a pressão do francês que ansiava pela vitória e brigou por ela até a linha de chegada? Certamente, esse foi um dos pontos altos do ano.

Porém, administrar a pressão não foi uma missão fácil para Pourchaire, que entre problemas mecânicos e erros juvenis, se viu cada vez mais distante do título. As últimas corridas do campeonato levantaram uma questão: Théo Pourchaire tem o material necessário para ser campeão?

Théo Pourchaire na preparação para a temporada de 2023. Foto/ reprodução

Após ser campeão da Fórmula 4 Francesa em 2018 e da Fórmula 4 ADAC em 2019, Pourchaire fez a sua estreia na Fórmula 3 em 2020. Com um grid muito equilibrado, Pourchaire venceu duas corridas na F3, a mesma quantidade que o campeão Oscar Piastri. No auge dos seus 17 anos, o francês voltava a impressionar, mesmo terminando a temporada com o segundo lugar.

Um ano depois, Théo Pourchaire estreava na Fórmula 2, e apesar de ainda não ser um campeão da classe, os números do francês na categoria são interessantes.

Em 2021, triunfou por duas vezes, uma delas na corrida principal em Mônaco (aparentemente, ele se sente confortável nessa pista) e terminou a temporada com o quinto lugar. Em 2022, Pourchaire venceu três corridas e subiu ao pódio em outras quatro oportunidades, terminando o ano com o vice-campeonato. Uma das principais características de Pourchaire é a facilidade de adaptação nas categorias, fator que ele provou em sua estreia no road to F1.

Se um piloto é claramente veloz, possui um bom equipamento e se adapta facilmente aos carros, o que falta para que ele seja campeão? No caso de Pourchaire, há uma carência no quesito inteligência emocional, o que talvez seja justificável pela pouca idade, mas que trouxe efeitos colaterais para o piloto, que em seu terceiro ano de F2 se viu pressionado antes mesmo do campeonato começar. Em um consenso que aparenta ser geral, Pourchaire tem a obrigação de ser campeão em 2023.

O terceiro ano de F2 não é bem visto tanto pelos pilotos da categoria, quanto por quem está de fora. Essa marca pode ser a bênção ou maldição de um piloto. Para se tornar campeão da F2 e mostrar para a Sauber que está pronto para subir para a F1, Pourchaire precisa, primeiramente colocar a cabeça no lugar e usar a experiência ao seu favor.

Pourchaire na classificação do GP da Arábia Saudita. Foto/ Formula Motorsport Limited

Porém, erros cruciais de 2022 já se mostraram presentes na atual temporada. Outro fator necessário para Pourchaire alcançar o título certamente é a paciência. Melhorando os aspectos pessoais que o prejudicam em pista, claramente o francês terá todos os requisitos para ser campeão dessa temporada, o que não significa que será uma tarefa fácil, pois para além dele mesmo, o vice-campeão de 2022 precisará derrotar um grid repleto de postulantes ao título.

Tudo o que aparenta faltar para o francês faz parte do processo de maturidade que é adquirido com o tempo, o que me leva a pensar em como seria essa história se Pourchaire tivesse realizado um segundo ano de Fórmula 3, porém essa questão não irá além dos “e se” criados pela imaginação.

Dentro da realidade, Pourchaire tem 11 etapas para se fazer, finalmente, campeão da Fórmula 2.