Arthur Leclerc: Sobrenome, falta de talento ou azar?
- Beatriz Barbosa
- 5 de jun. de 2023
- 3 min de leitura
Desde que ficou com o segundo lugar da Fórmula Regional em 2020, Arthur Leclerc foi muito contestado, principalmente pelo público brasileiro, que viu Gianluca Petecof (vencedor da Regional naquela temporada) sem vaga na Fórmula 3, enquanto Leclerc seguiu sua parceria com a PREMA.

Apesar de todos os imbróglios dessa situação, fato é que Arthur Leclerc seguiu sua caminhada no road to F1 e não empolgou. Em sua primeira temporada na F3, o mais novo dentre os irmão Leclerc foi apenas o décimo colocado, com 79 pontos, perdendo para seus dois companheiros de equipe (Hauger e Caldwell).
Em 2022, as expectativas eram altas, com a experiência adquirida ao longo do seu primeiro ano, muitos cogitavam que o junior da Ferrari disputasse o título. Novamente, isso não passou de especulações, já que o monegasco voltou a ter um rendimento que não condizia com sua experiência e equipamento.
Após mais uma temporada repleta de altos e baixos, Arthur Leclerc foi apenas o sexto colocado com 114 pontos, perdendo a disputa interna para o estreante Oliver Bearman, que disputou o título da categoria. Uma das principais dificuldades de Leclerc era a classificação, o piloto chegou a ser destacado por suas corridas de recuperação, mas isso ocorria justamente pela má atuação no classificatório.
Porém, a temporada de 2022 acabou e uma nova começou. Arthur seguiu com a Ferrari Drivers Academy e subiu para a Fórmula 2. Dessa vez, a “casa” de Leclerc é a DAMS, uma equipe em reconstrução e evolução. Parecia que finalmente havia um consenso entre os entusiastas da base: o carro da Fórmula 2 favorecia o estilo de pilotagem do monegasco.
O que também parecia ser consenso é que, não fosse pelo sobrenome, Arthur Leclerc não seguiria com a FDA e talvez, sua carreira seguiria em equipes do fundo do pelotão. Então, muito da carreira do piloto da DAMS pode ser creditado ao seu cognome. Mas, é só isso mesmo?
Um sonho (quase) interrompido...
O primeiro título de Arthur Leclerc no automobilismo foi conquistado em 2014, quando ele corria em um campeonato promovido pela Kart Racing Academy. Depois disso, o monegasco foi forçado a um hiato de quase quatro anos em sua carreira.
Tanto Arthur quanto seus irmãos mais velhos compartilhavam o sonho de serem pilotos profissionais, mas as dificuldades financeiras interromperam essa ideia. Para a família, foi necessário realizar uma escolha e apostaram suas fichas (e economias) em Charles.
Arthur retornou para as pistas e em 2018 disputou a F4 Francesa, onde terminou em quinto lugar. Um ano depois disputou a F4 ADAC, onde foi terceiro colocado. A sequência da carreira foi observada no início desse texto.
O quanto um intervalo tão longo pode impactar em uma carreira que está em seus estágios iniciais? Os efeitos disso não podem ser desconsiderados, da mesma forma que seu retorno com acesso aos melhores equipamentos, profissionais e treinamentos, também não.
Então, é só sobrenome mesmo?
As oportunidades vieram porque seu irmão mais velho é a aposta da Ferrari para o futuro. Isso permitiu que, após a consolidação da carreira de Charles, as portas voltassem a se abrir para Arthur.
Então sim, o sobrenome Leclerc, apesar de ainda não ser tradicional no automobilismo, abriu muitas portas para o monegasco e permitiu que ele seguisse com sua carreira, uma chance que muitos não tem, porque o automobilismo é seletivo e muito caro.
Dizer que Arthur Leclerc não tem talento me parece equivocado. Ele não é um talento geracional ou futuro da Fórmula 1. Mas, tem potencial para andar bem em outras categorias, é sempre bom lembrar que há vida além da F1.
Depois de tanto tempo precisando se provar, Arthur Leclerc parece ter evoluído e mostra uma adaptação mais rápida na Fórmula 2, diferente do que ocorreu na F3. Ainda há muito para evoluir e driblar a imagem que o sobrenome trouxe não será uma tarefa fácil.
Leclerc ainda está devendo, e reforçando o que já foi dito em estrofes anteriores: não é um talento geracional e é insuficiente com frequência, mas há algo ali, além do sobrenome famoso, que pode levá-lo para uma boa carreira para além do paddock da F1.
O azar que, as vezes aparece, é um elemento que certamente não caminha ao lado de Arthur Leclerc. Afinal, não é sempre que a vida (frequentemente) te oferece “segundas chances” para provar o seu valor.
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